1- A mundo é hostil para todos. É
regido pela vontade de potência como foi muito bem dito por Nietzsche e depois
por Foucault, baseado em Nietzsche, com a microfísica do poder. É uma luta
constante pela sobrevivência diante do planeta hostil e de uma sociedade mais
hostil ainda com todos e não só com os discriminados.
2 - Por isso surgiram guerreiros
em todos os povos e em todas as épocas que criaram, não só a masculinidade mas,
principalmente, métodos para se fortalecerem e lutarem contra as adversidades.
Alguns escreveram a respeito desses métodos. Os samurais têm o Hagakure,
por exemplo. Existem outros escritos como A Arte da Guerra e a
bibliografia a respeito é grande. O mundo em que vivemos não mudou. Tornou-se
mais sutil na hostilidade em algumas coisas. Mudou, portanto, o objeto das
lutas, mas não sujeito, isto é: a necessidade das lutas. Não lutamos mais com
ursos e lobos, mas precisamos fazer concursos, pagar contas, enfrentar empresas
predatórias que prestam serviços e tudo o mais que forma a vida diária na selva
atual. Se o mundo não mudou e até piorou devido as sociedades que criou quem
não entender isso vai ser ineficiente no ato de viver. E, assim sendo, será um
perdedor e, portanto, um infeliz, saco de porradas de todos os lados. Criará
para si a infelicidade e, talvez até, a ansiedade e a depressão.
3 - Esses guerreiros, de quase
todos os povos, muitos se relacionavam sexualmente com outros homens, achando
ser uma forma superior de sentir prazer e amar. Viam muita eficiência nisso e achavam
que os tornava mais fortes. Estou me baseando no batalhão sagrado de Tebas e em
muitos ritos de passagens masculinos de vários povos onde a relação sexual
entre um guerreiro e seu aprendiz era comum ou obrigatória. Confira com
Godelier no seu livro: La
Production des Grands Hommes.
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- O que se propõe hoje é que
homens que descobriram que sentem prazer sexual com outros homens se tomarem
consciência do dito acima, se fortalecem e serão mais eficientes para sobreviver
na selva em que todos vivemos hoje. A síntese desses conhecimentos de nossos
guerreiros ancestrais é um bom instrumento, se praticado, para assegurar sua
sobrevivência. É um treinamento para criar, dentro de si mesmo, um guerreiro.
5 – Pode parecer que isso não é
novidade. Que qualquer um, e não só homens que se relacionam como homens, se
seguirem o que está dito nesses livros terão sucesso. È uma meia verdade,
entretanto. Sim muitas empresas tiveram um grande sucesso aplicando A Arte
da Guerra e outros livros na sua administração e na luta no mundo dos
negócios que é outra confirmação do que está dito acima. Entretanto, a grande
maioria desses guerreiros se relacionava sexualmente com homens e seus
ensinamentos pressupõem isso. Uma pessoa programada sexualmente para ser pai de
família pode ter algum benefício com a leitura desses livros e sua prática, mas
não terá, como nós, porque falta um fato essencial que é o relacionamento
sexual entre homens. Mesmo os guerreiros casados e com filhos quando eram
obrigados a procriar, o essencial de seu erotismo, era entre os próprios
guerreiros que eles admiravam e amavam.
6 – A associação desses
guerreiros hoje, não mais com armas como o batalhão sagrado de Tebas para ir nas
batalhas que eles foram em guerras, mas o seu treinamento psicológico, ético,
filosófico nos dará condições de hoje, se pesquisado e praticado, unir forças
dos que pensam assim poder lutar aqui agora contra as diversidades cotidianas.
(Arranjar empregos, ter um fiador para alugar um apartamento de recíproca
confiança porque são espartanos logo guerreiros atuais, se preparar para um
concurso, contar com amigos fieis e confiáveis de fato. São apenas algumas das
coisas mínimas que digo só para deixar mais claro o que é a tradição espartana
e a sua fraternidade espartana quando resolvermos construí-la).
7 – Não seja tolo o suficiente
para ter preconceitos contra o pensamento de Nietzsche. Ele foi distorcido por
todos desde os cristãos até os socialistas porque não o entenderam. Nunca foi
anti-semita, nunca foi reacionário. Como, aliás, o espartano não é nem poderia
ser contra nenhum povo ou crença. O espartano é antes de tudo um libertário.
Não existem para ele judeus, cristãos, negros etc. Se o sujeito é espartano esses
detalhes não lhe interessam. Cabe a ele combinar ou não suas crenças com o
espartanismo. O que nós mostramos é que a moral sexual cristã tem origem
judaica. Mas não significa, em absoluto, que somos contra os judeus ou os
cristãos. Tirando esse aspecto da antiga moral sexual desses povos cada um pode
ser o que quiser mesmo sendo espartano. Cabe a ele filtrar o que achar que deve
de suas religiões. Israel é liberal com as relações sexuais entre pessoas do
mesmo sexo. Para o espartano ninguém nasce carimbado quem o carimba são os
outros. Descender de um povo e o respeitar não
deve ser um cesto para quem quiser mostrar seus preconceitos o enchendo
de tolices e invenções. Todos nós nascemos iguais e somos iguais. Os espartanos
aceitam todos por isso. Cabe a eles verificar se no seu carimbo dado pelos
outros ele pode filtrar o que está historicamente datado, o que era apenas
preconceito e essas coisas todas que nada tem a ver conosco. Precisamos superar
para crescer. Precisamos Crescer para além de qualquer tipo de preconceito e não
ficarmos vacilando amarrados em detalhes quando o essencial está na ética, na estratégia dos guerreiros para vencer na
vida e seus prazeres sexuais.